Carla Beraldo- Poder da Mídia

segunda-feira, novembro 27, 2006

“Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas"

Mais uma vez, o jornalismo brasileiro mostra a irresponsabilidade ao noticiar um fato. A Polícia Civil de São Paulo ouvia depoimentos e buscava pistas sobre o assassinato do casal Sebastião Esteves Tavares, 71, e Ilda Gonçalves, 68, mortos a facadas, na manhã do último dia 17. O crime ocorreu na casa onde a família morava, na rua Cayowaá, no Sumaré (bairro nobre da zona oeste de São Paulo). A arma do crime não foi localizada.Na casa também estavam o filho das vítimas o escrevente Rogério Gonçalves Tavares, 42 encontrado ferido com um corte no pescoço, e a avó dele Isaura, de 93 anos, que nada sofreu.
Programas de televisão e jornais induziam o público a acreditar que o filho do casal era o principal suspeito, inclusive, até um programa de televisão chamou um especialista em surtos psicóticos para discutir sobre o semblante do rapaz, que estava parecido ou não com o de um assassino. Nota-se a crueldade e a irresponsabilidade dos jornalistas ao expor uma pessoa de forma tão baixa e cruel (ao meu ver).
Vocês acham que pode haver impunidade para uma acusação alarmante e sem provas feita por toda imprensa e, depois de descoberta a verdade - o crime foi praticado por um vizinho - dar tão pouco espaço e ênfase para recuperar a injustiça, a dor e a imagem do acusado?Eu acredito que não. Uma dica vale para nós, jornalistas, imprensa e meios de comunicação não devem ser os juizes e jurados da Sociedade.Não temos esse direito, ou talvez, dessa forma.Mas “a prática demonstra que a canalhice econômica dos meios de comunicação são muito mais poderosos que qualquer senso ético”.
Essa frase de Charles Chaplin é para nos fazer refletir sobre o nosso trabalho,“pensamos demasiadamente e Sentimos muito pouco…Necessitamos mais de humildade que de máquinas.Mais de bondade e ternura.Que de inteligência.Sem isso, a vida se tornará violenta e tudo se perderá.