Carla Beraldo- Poder da Mídia

segunda-feira, novembro 27, 2006

"A publicidade é um cadáver que nos sorri" (Oliviero Toscani)
O texto de Oliviero Toscani lido em sala, me fez repensar em alguns aspectos da publicidade.
Pensando na idéia de lincar a arte e a propaganda sob um aspecto ideológico para argumentar a diferença entre ambas, penso que poderia encontrar uma diversidade de proposições. Oliviero Toscani (diretor de arte e fotógrafo da Benetton) quando disse que "a publicidade é um cadáver que nos sorri" e que "os publicitários a perfumam todos os dias" porque senão ela "cheira mal" estava propondo uma nova publicidade, sob um novo paradigma: "a realidade" ao invés da "ilusão".
Achei muito interessante algumas campanhas da Benetton, seja pela beleza ou pela repulsa as imagens tocam o ser humano. Acredito que uma frase da Clarice Lispector retrata muito algumas imagens de Toscani, principalmente a (FOTO) que está aqui.."Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e as vezes receber amor em troca".

O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias
Cao Hamburguer é um diretor mais conhecido por seus trabalhos voltados ao público infantil. Criador da série de TV Castelo Rá-Tim-Bum. Apesar de O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias ser protagonizado por um menino, não há nada de infantil em seu segundo longa.
É uma produção extremamente sensível, melancólica e, em preciosos momentos, divertida. Eu amei, vale a pena ver.O filme lembra filme de Europa Oriental, sabe! muito legal, sensível...tem uns intervalos que servem como respiro.
A direção ressalta os caprichos de direção de arte e leva o espectador a entrar no mundo de Mauro (Michel Joelsas), o pequeno protagonista que rouba a cena e cativa o público. Há a visão de um menino em relação ao contexto sócio-cultural do bairro paulistano do Bom Retiro, durante o final dos anos 60, em plena ditadura militar. A história, triste, ganha leveza, graciosidade e tons de comédia por ser contada por meio da visão de Mauro. O texto é ótimo e a obra aborda a ditadura militar no Brasil.
A sensibilidade dos atores infantis, as imagens, tudo é muito lindo e casa bem demais....

“Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas"

Mais uma vez, o jornalismo brasileiro mostra a irresponsabilidade ao noticiar um fato. A Polícia Civil de São Paulo ouvia depoimentos e buscava pistas sobre o assassinato do casal Sebastião Esteves Tavares, 71, e Ilda Gonçalves, 68, mortos a facadas, na manhã do último dia 17. O crime ocorreu na casa onde a família morava, na rua Cayowaá, no Sumaré (bairro nobre da zona oeste de São Paulo). A arma do crime não foi localizada.Na casa também estavam o filho das vítimas o escrevente Rogério Gonçalves Tavares, 42 encontrado ferido com um corte no pescoço, e a avó dele Isaura, de 93 anos, que nada sofreu.
Programas de televisão e jornais induziam o público a acreditar que o filho do casal era o principal suspeito, inclusive, até um programa de televisão chamou um especialista em surtos psicóticos para discutir sobre o semblante do rapaz, que estava parecido ou não com o de um assassino. Nota-se a crueldade e a irresponsabilidade dos jornalistas ao expor uma pessoa de forma tão baixa e cruel (ao meu ver).
Vocês acham que pode haver impunidade para uma acusação alarmante e sem provas feita por toda imprensa e, depois de descoberta a verdade - o crime foi praticado por um vizinho - dar tão pouco espaço e ênfase para recuperar a injustiça, a dor e a imagem do acusado?Eu acredito que não. Uma dica vale para nós, jornalistas, imprensa e meios de comunicação não devem ser os juizes e jurados da Sociedade.Não temos esse direito, ou talvez, dessa forma.Mas “a prática demonstra que a canalhice econômica dos meios de comunicação são muito mais poderosos que qualquer senso ético”.
Essa frase de Charles Chaplin é para nos fazer refletir sobre o nosso trabalho,“pensamos demasiadamente e Sentimos muito pouco…Necessitamos mais de humildade que de máquinas.Mais de bondade e ternura.Que de inteligência.Sem isso, a vida se tornará violenta e tudo se perderá.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Análise do filme "O quarto Poder" e do Seminário 1984

A aula de sábado, dia 7, foi realmente especial. Eu adorei o Seminário do Grupo 1984, o livro é ótimo e como já tínhamos estudado o Admirável Mundo Novo na aula anterior tudo ficou mais fácil. Achei os trechos do filme da obra exibidos em sala muito oportunos. Gostei da brincadeira da panela, embora a Vanessa quase ateou fogo na sala....rsss
A expressão Quarto Poder é utilizada para qualificar o poder da mídia, ou do jornalismo e casou-se muito bem com a Teoria ou Hipótese? Agenda Setting, a qual foi criada por Max Combos e Ronald Shaw e consiste no fato da mídia determinar o que está em pauta, o que necessita ser discutido e como devemos fazê-lo. Outro ponto que foi importante foi a Teoria da Espiral do Silêncio, em que Neumann aborda e questiona o fato das pessoas terem medo de serem isoladas ou discriminadas sobre a opinião majoritária.Há uma tendência de se silenciar sobre suas opiniões.
Vale ressaltar que a discussão causou um alvoroço na sala sobre até que ponto temos a livre escolha. Na verdade não sei o que pensar....
Se na vida real, ao menos no Brasil, o jornalismo tem deixado a desejar como um todo, no mundo da fantasia — o do cinema, sobretudo — vem se saindo a contento, merecendo, portanto, a cada dia que passa, maior atenção do público em geral. Isso no cinema é perfeito.Ao realizar uma matéria em um museu, um jornalista se depara com um ex-funcionário que pede seu emprego de volta à diretora do local e, acidentalmente, dispara um tiro. O jornalista decide então aproveitar a chance para conseguir cobertura exclusiva do caso e retornar à fama. Dirigido por Costa-Gravas (Z) e com Dustin Hoffman, John Travolta e Alan Alda no elenco.

"O fim dos jornais está próximo?"
Há quanto tempo você parou de ler jornais tradicionais, aqueles em papel, cheios de anúncios e fotos, que a gente pode carregar para qualquer lugar? Aliás, você parou de ler jornais em papel? Eu ainda não, entretanto, boa parte da população sim. A revista britânica "Economist" acaba de publicar "Quem matou os jornais?". É um artigo (não exatamente uma reportagem) mostrando, lá do jeito dela, que o fim dos jornais está próximo. Eles vão sucumbir à internet, blablablá. Que vão perder mercado é certo, sabemos todos. E tem a ver mesmo, por uma série de motivos. Mas, acredito que os jornais com conteúdo mais interpretativo e reflexivo vão continuar circulando. Essa é a questão. O tempo dirá.De qualquer maneira, certamente há muita gente que adoraria matar os jornais. A "Economist", por exemplo, já entrou para a lista de suspeitos.
Agora se tem uma coisa difícil de negar é que se o jornalismo brasileiro continuar seguindo os parâmetros do jornalismo estadounidense, no qual o lead (lidão, o que quem, quando, onde, como e por que) é não só a base para sustentar uma matéria, como também um fim em si mesmo, a situação acaba ficando complicada. Agora, se os textos interpretativos, com informações aprofundadas, com especialistas plurais e jornalistas com menos pautas para serem cumpridas diariamente conseguirem se manter, os nossos jornais podem ser fontes fidedignas de muitas informações, embora muitos veículos o sejam, há também aquele tipo de informaçõa que só serve para incomunicar, por exemplo, as informações sobre o acidente da Gol envolvendo o Legacy. é tanta barbaridade divulgada que ficamos cada dia menos esclarecidos.